sexta-feira, 7 de novembro de 2008

• amálgama

Eu sou Deus e sou Diabo
Eu sou a salvaçào e a ilusão
Eu sou a escuridão iluminada
Eu sou a morta luz apagada
Eu sou boêmio sem direção
Eu sou anjo sem asas
Eu sou um morto de sensações rasas
Sou o pé que perdeu o passo
Sou o dançarino sem compasso
Sou o erro e o apuro
Sou transparente água barrenta
Sou vermelho vinho puro
Sou pulsante espinho duro
Sou religioso cético
Sou ateu lógico
Eu sou constante interrompido
instante sempiterno
desejo irrompido
um segundo eterno
Sou loucura e dor
Sou simples e complexo
Sou o espaço puro nexo
Sou o beijo sem pudor
Sou gélido frio
Sou ardente quente calor
Sou a noite descarada
O dia cínico
metal e oração
material e espiritual
Sou oco preenchido
Sou escada sem degrau
Sou a beira do precipício
Sou a profundidade do fosso
Sou o cume da montanha
Sou o fundo do poço
Sou o mestre
O maldito
O dito e o não dito
o escolhido
o renegado
o acolhido
o acoado
Sou o grito de eco mudo
Sou o nada convertido em tudo
Sou a dúvida e a certeza nos olhos teus
Sou a ilusão e a salvação
Sou diabo e sou Deus.

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