sexta-feira, 7 de novembro de 2008

• Prefácio de ribeiro

Caos. Palavra que remete à desordem extrema, ao desmontar de estruturas, à plena anarquia de coisas, fatos, pensamentos.

Flores. O ressurgir da vida, o recomeço, o nascimento da esperança. Como o amor. Tal qual a semente, obrigada a morrer para germinar.

Flores do Caos é um paradoxo produzido à base de inspiração verdadeira, de uma intimidade extrema com as palavras, que permeiam o precipício sem se deixar cair. Em seguida, lançam-se ao fundo para, como num milagre, retornar ao ponto de partida. E lançar-se novamente. É o exemplo puro da coragem de quem mistura-se a tornados e deixa-se levar ao sabor de ventos enfurecidos. Ulisses Góes.

A poesia ulisseana - o leitor há de perceber - passa relativamente longe de temores diante do novo. Na verdade, este o atrai e serve-lhe de subsídio para quebrar todas as barreiras, produzindo beleza desgarrada de tabus estilísticos. O compromisso é puramente com o sentimento, tal qual eflui d’alma, sem molduras douradas, nem tratamentos de imagem. É pensamento de arestas deslavradas.

O autor brinca naturalmente com as palavras e compõe belos fragmentos. Em "As duas meninas", ele tem a ousadia de navegar e-maii a uma tempestade.com.bravura. Em "Suspiro de Ocaso", viola as leis da natureza e funde a eternidade em um segundo. Em "Flores no Jardim", pede licença para poemar...

Ulisses tem com as palavras uma relação de amizade. E elas não poderiam ter amigo melhor e mais fiel do que um poeta para quem a existência pode resumir-se exatamente neste vocábulo: Amizade, com "A" maiúsculo. E o leitor poderá confirmar a veracidade dessa afirmação ao ler "Na varanda".

Flores do Caos é um mergulho na alma desse pacato cidadão que poema, e porque não dizer... po-ama. O livro transforma a proposta da esfinge e clama: devora-me e então ter-me-á decifrado.

Em junho de 2000
Ricardo Ribeiro

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