sexta-feira, 7 de novembro de 2008

• um poema perfeito

Este dia que nasce
Meu choro por tempos perdidos
Minha amargura de amar
na solidão mais pura
A dor que eu vejo
A palavra que eu sinto
O momento em que minto
O espelho que estilhaço
para não encarar
meus desejos latentes
e minha vontade tardia
de ser Humanista
O sangue na pista
Minha mão esquerda vazia
e minha direita cheia de nada
A indiferença e a apatia
Meio-dia é o pico
E os esfomeados se drogam
As crianças descalças, o descaso infame
Os urubus em close, o lixo e a fome
Os muros, as mortes, os mártires
A Bósnia, Sarajevo e as ruas cariocas
Os abandonos, as donas-de-casa
Os Carnavais entorpecentes
puxando as quartas da Phoenix Maldita
onde a tua realidade ressurge das cinzas
O febril carrossel giratório
e o trem descarrilhado da Central
O caudilho, o neonazismo
O teu facismo
A minha outra face nunca oferecida
A hipocrisia e o cinismo e o sino
Meio-dia é o sol a pino
E todos pisam em si mesmos
Tua mansa maldade no fim da tarde
As poças, as lamas, os morros
As mentiras, as vendas nos olhos,
Os choros, as velas, os velhos,
O pó nas narinas, a poeira nas estradas
Os buracos nas cabeças
Os narcisos distorcidos, Eros aliciantes
As minervas massificadas
O falso puritanismo, a falta de sentido
Os teus Dezsmandamentos
Os próximos cinco minutos de incoerência
Os doentes incuráveis, os sexos impenetráveis
A desolação, o sofrimento, o que é imposto
A tristeza pintada em teu rosto
Este dia que se vai
E tudo o que me resta
É um gosto de Perfeito no palatino da minha alma.

Nenhum comentário: