sexta-feira, 7 de novembro de 2008

• Prefácio de aquino

Ulisses Góes é um desses jovens que habitam as nossas cidades, convivem com as pessoas, vivem o seu dia-a-dia ou menos comum e que passariam despercebidos, escondidos atrás de uma certa timidez, não fossem eles talentosos, versáteis e mais que isso, dotados de imensa sensibilidade. Conheço o autor de "Flores do Caos" há muito tempo, mas sumimos um do outro por alguns anos, até que nos reencontramos no jornal Agora, sendo ele o responsável pela diagramação da coluna que ali ouso escrever semanalmente.

Quando fui convidado a escrever este prefácio minha primeira reação foi de surpresa. Pensei cá com os meus botões que o autor poderia ter escolhido gente mais talentosa para esta missão, talvez um maior conhecedor dos meandros poéticos, da métrica, de regras ou que tais. Senti-me homenageado por aquele menino, companheiro do meu filho nas peraltices de infância, brincando em minha casa e sem sugerir àquela época que um dia me provocaria para um desafio tão emocionante.

Aceitei a incumbência porque gosto de poesia, sou sensível à poesia e confesso o meu encanto pela forma como os poetas nos transmitem sentimentos. Li, de um só fôlego, os originais de "Flores do Caos", a primeira investida de Ulisses Góes na literatura poética. E gostei do li. Fosse um especialista e faria comentários técnicos sobre a obra. Falaria de lirismo, como em "Uma Flor de Katinha", da mensagem social em "Satélite Mandacaru", de amor, como em "Genuflexo", de erotismo, em "Prece no Cio" ou de sonho, como em "13 de Setembro". Diria que a sua poesia ora nos remete aos questionamentos mais profundos do ser humano, ora nos conduz à intimidade mais reveladora da alma. Ulisses Góes desmente a máxima, também poética, de que "o poeta só é grande se sofrer", pois é reveladora a sua alegria de viver e a sua esperança no homem.

O poeta Ulisses tem uma saudável caminhada a percorrer. Difícil, como são todos os caminhos da literatura, mas, potencialmente, com muitas possibilidades de sucesso, pela simplicidade e sensibilidade dos seus versos, gostosos de ler e de sentir.

Em fevereiro de 2000
Ramiro Aquino

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